HOJE NOVAMENTE
Hoje trago no peito
Hoje acordei com uma vontade
Hoje eu peço
Hoje eu dou
Hoje rasgo meu despeito
Hoje perco a castidade
Hoje eu me despeço
Hoje eu me perdôo
Hoje com uma vontade acordei
Hoje eu peço e dou sem castidade
Hoje no peito trago uma vontade
Hoje a realidade rasguei
Hoje eu despeço e perdôo a castidade
Hoje meu despeito perdeu toda vontade
SÃO PEDRO D’ALDEIA
Sua história na juventude enrugada dos salineiros
Nos moinhos, nas canoas e redes dos pescadores
Nos marinheiros, nordestinos e macegueiros
Igreja Matriz, Canhão, Casa da Flor e Casa dos Azulejos
Praia do Sudoeste, voz dos ventos água em marola
Poeira de barro em meus olhos marejados
Lagoa de lembranças turvas chegando à orla
Rodoviária de saudáveis sentimentos raros
A dor de ter que ir mesmo querendo ficar
Em São Pedro D’Aldeia minha infância vai estar
Primeiro amor, primeiras letras, primeiro ódio
Melancolia em cal, cascalho, pedras e óleo
Tudo isto presente em meu código genético
Cheiro bom de grama cortada
Cheiro bom de chuva no chão
Pracinha e futebol para sair do tédio
Fazer tapetes de sal com as mãos
Inúmeras construções e helicópteros
O silêncio cadente
Aparentemente permanente
Doce embriaguez pelas ruas
Onde só o riso desfaz o silêncio
BANDEIRANTE
Embrenho-me em uma Floresta Negra
Do alto de seu Monte Vênus
Avisto uma planície sedosa que me espera
Lugar quente
Fim de tarde
Que bom poder beijar seus grandes lábios
Aconchegar-me em solo fértil
Nestas horas seu canto tal qual de belos pássaros
Faz-me sentir vontade de gritar sem dor
PEDRADAS SUAVES
As palavras são fortes
As palavras são como pedras
A sensibilidade das pedras me comove
Quando o mar está revolto, ela está imóvel
As pedras criam limo
E o limo muitas vezes é sabedoria
As pedras edificam meus pensamentos
As pedras incomodam e desafiam
As pedras entortam a espada do guerreiro
Com um caminhão de palavras
Soterram nossos sentimentos
VIGOR VITAL
No leite gelatinoso há muita vida
O dono sendo empresário ou marginal
Possui a mesma morbidez deleitosa e conhecida
Saída dos mistérios de sua bolsa escrotal
A fé que move montanhas
É a mesma que rompe um hímen
Deixe o sêmen em suas entranhas
Que uma flor em seu ventre germine
AQUI NA TERRA MESMO
Eu já confrontei-me com Deus
Muitas vezes
Estes confrontos sempre me puseram ao seu lado
Sei que Deus é meu amigo
Os pais nos põe contra Deus
Deus castiga
Deus não gosta
Deus não quer
Eu achava que Deus era ranzinza
Ora, doce engano
Deus é jovem e quer se divertir
Deus me quer feliz
E quer você também
A ESPERANÇA BALANÇA A MATANÇA!
Quando um pavio é aceso por qualquer intolerância
A esperança balança a matança!
Quando o mundo faz achar que a vida nos cansa
A esperança balança a matança!
Quando há um sofrer por sair do compasso ou do ritmo da dança
A esperança balança a matança!
Deixar o amor naufragar em bobagens de criança
A esperança balança a matança!
AS ABELHAS
Sou de uma espécie de abelhas solitárias
As fêmeas que conheço morreram antes de suas crias nascerem operárias
25% das abelhas são brasileiras, mas as estrangeiras fazem aqui mais sucesso
Se aqui não existe ordem, para elas isto já é uma forma de progresso
Somos diferentes em formas, tamanhos e cores
De igual só a carne pouca
Tons verdes, azuis e roxos metálicos
Também confundidos como moscas
Nós abelhas somos essenciais para um mundo melhor
Às vezes vagando como uns pobres otários
Nós transferimos amor de flor em flor
Mesmo que sejamos de uma espécie de solitários
SONO
Estou com sono e quero dormir
As músicas são os latidos de um cão castrado
Acompanhados pelo uivo do vento num lugar desamparado
O filme é um louco incompreendido pelo pai
A casa é a escuridão e o barulho da geladeira
O livro é de um autor recém crucificado
O quarto é um bêbado no descompassar da saideira
O vento é gostoso mas deixa-me resfriado
A cachaça é uma alternativa para se divertir
À sinfonia junta-se o apito do vigia da rua ao lado
Estou com sono e quero dormir
DESALENTO
Hoje Isadora acordou insípida, incolor e inodora
Sua poesia de amor no fundo quer dizer:
“Ninguém me ama e ninguém me quer”
Que também tem toda a bobagem de dizer
“Eu me odeio e quero morrer”
Que vem de toda sua ansiedade e inconformidade
Ela se pergunta se a poeira não sabe viver
Porque esta vontade de fazer e não saber fazer
Não a deixa encontrar sua verdade
Ela só anda com gente carente
De baixa estima e solitários
Loucos e bêbados
Defumam-na com seus cigarros
Embriagam-na com seus hálitos
E apesar da vontade de viver
Não conseguem mudar nem um pouco os seu hábitos
Isadora só encontrou a saída
Quando entendeu que a felicidade era o motivo da sua vida
3:30H
A tristeza tem sempre a esperança de acabar um dia
Eu nunca esqueci o que as canções me ensinaram
Te ligo 3:30h para dizer poesias
Pois meus desejos de amor nunca cessaram
Tatuar a realidade do mundo no corpo
É esquecer o prazer que a fantasia traz
Deixe de ser tão realista e seja um pouco mais sonhador
Que o sonho permaneça conosco
Sonhar é uma das maiores manifestações do amor
A MÃE E O SONHO
A mãe descuidou-se da mão do menino por um segundo
E ele correu para estrada infinita dos sonhos
Uma estrela atropelou-o e a mãe pôs-se a chorar
Sem saber quando novamente o filho iria encontrar
Estava longe, o menino estava longe demais
E a mãe a chorar calou-se um minuto
Da sua carne e alma tinha seu produto
O mais valioso e ela só tinha este
E este se foi para felicidade
Ela chorava mas sabia onde o encontrar
Ela parou um pouco
Enxugou as lágrimas
E começou a sonhar
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
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Um comentário:
Olá, bom blog o seu, não o abandone.
Continue dividindo conosco sua poesia.
Gostei e divulguei sua UM DIA A MAIS, pelo blog: http://anarquiaepoesia.blogspot.com/
abraços
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